Mário César Martins de Carvalho, Diretor 2019-21 do Rotary International
Mário César Martins de Carvalho, Diretor 2019-21 do Rotary International

Foco no problema ou na solução?

Aqueles rotarianos que, como eu, compõem os 70% da população do Rotary acima dos 60 anos (somos 14% entre 60 e 69 anos, 15% com mais de 70 anos e 41% que não revelaram a idade, mas é pouco crível que a escondam por serem jovens demais) lembram-se do período militar, do general Ernesto Geisel e seu jogador favorito na seleção brasileira, o Dadá Maravilha.

Calma, não entrarei em discussão política nem futebolística, que, ao lado de religião, são assuntos tabus no Rotary, porque divisores. Apenas lembrei-me da tirada antológica do nosso Michael Jordan brasileiro, aquele que dizia marcar gols no futebol enquanto flutuava no ar como colibri, a exemplo da lenda americana que fazia o mesmo em uma cesta de basquete.

Os dirigentes do Rotary, aqueles que valorizam a instituição e a perenizam, focam na construção, não nos hábitos. Focam na criação, não nas formalidades. Focam no legado e não na gestão. Aliás, o fundador Paul Harris lembrava: “O Rotary terá que ser evolutivo sempre, revolucionário às vezes”. Declaração visionária.

A segunda palavra é tolerância, pregada pelo fundador desde sempre. Em minhas viagens de fim de semana, e serão 46 vezes durante este ano 2019-20, enfrento as lamúrias, reclamações, energia despendida em conflitos internos, muito calor e pouca luz. Foco na problemática, e não na solucionática.

Ex-dirigentes que boicotam as atuações dos atuais, impedem a criação de clubes, estimulam a discórdia e a disputa para cargos de presidente de clube e governador de distrito. Como resultado, gestões amargas, com queda no quadro associativo, falta de captação de recursos e projetos da Fundação, um ambiente corrosivo e nocivo entre irmãos. Ganham sem levar o troféu.

Lembro a história do general grego Pirro, cuja vitória extremamente custosa em termos de vidas na Batalha de Ásculo provocou a famosa declaração: “Mais uma vitória como esta e estou perdido”. Os rotarianos deveríamos evitar conflitos, afinal somos nós, pela Fundação Rotária, que patrocinamos uma das mais generosas bolsas de estudos de pós-graduação, as Bolsas Rotary pela Paz.

Como terceiro pilar, os resultados. Também para Paul Harris, “qualquer que seja o significado do Rotary para os rotarianos, para o mundo ele será conhecido pelos resultados”. De nada adianta tanto esforço, tantas horas de trabalho voluntário (um cálculo da Johns Hopkins University atribui aos rotarianos mais de 155 milhões de horas/ano de trabalho sem pagamento), tanta energia positiva e boa vontade se não apresentarmos resultados.

Resultados em aumento do nosso time, do nosso impacto em nossas comunidades, em crescimento dos valores e das pessoas beneficiadas pelos nossos projetos, na contínua melhoria de nossa imagem como organização perante a sociedade, o governo e as comunidades. O resto é mimimi, ou nhem-nhem-nhem.

Solucionática, e não problemática, é o que moverá o Rotary no Brasil e na América do Sul.

 

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *